Este é o título do sétimo longa do cineasta texano John Lee Hancock. O roteirista John Fusco resolve recontar a história da dupla explosiva Bonnie e Clyde, que tinha uma aura “robinhoodiana”. A perspectiva no filme fica em torno do personagem Frank Himer ( Kevin Costner), um ranger que num passado recente havia dado mostras da sua competência investigativa e de execução de marginais. Ele tenta resgatar sua experiência do passado ao lado do antigo companheiro Maney Gault (Woody Harrelson), indo no encalço da dupla Bonnie e Clyde. Muito mais interessante do que o próprio filme, foi a elaborada trilha sonora composta por Thomas Newman. A primeira trilha que adquiri de Thomas Newman foi o vinil PROCURA-SE SUSAN DESESPERADAMENTE. A partir desse seu trabalho, passei a acompanhar e também adquirir algumas de suas trilhas. Não posso negar que em se tratando de um filho do lendário Alfred Newman, tinha muita expectativa quanto a qualidade do trabalho de Thomas. Diferentemente do seu irmão David, a medida que o tempo foi passando e com um ritmo de trabalho mais acentuado, isso permitiu que Thomas aprimorasse seu estilo, rompendo barreiras, incursionando por caminhos que contribuíam para que sua música auxiliasse a narrativa cinematográfica. Foi em 1991 por ocasião da trilha sonora de TOMATES VERDES FRITOS, que percebi que diferentemente do pai, cuja música muitas vezes assumia um protagonismo principal de forma até rompante, já Thomas era mais discreto. A música de Thomas se colocava de forma absolutamente integrada à serviço do filme. Os elementos musicais variavam muito em função do palco da narrativa, da história e da própria expressão do personagem. Assistindo ao filme ESTRADA SEM LEI, com os primeiros acordes da trilha já percebi claramente que aí estava o Thomas novamente. Esse exercício de tentar adivinhar o autor da trilha é um hábito que carrego desde a infância e alguns compositores que me marcaram permitem uma identificação mais pronta. Mas em ESTRADA SEM LEI, temos então um Thomas Newman profundamente mais maduro, intimista e funcional. Não existe nenhum paralelo do trabalho de Thomas Newman com o de Charles Strousse para a versão de BONNIE AND CLYDE de 1968. Aliás Strousse teve pouco trabalho, primeiro pelo fato de o diretor Arthur Penn não gostar muito de música em seus filmes. Segundo, que o apoio da trilha sonora se deu mais nas canções de época que na parte instrumental. O curioso no trabalho de Thomas Newman para ESTRADA SEM LEI é que ele de forma mágica substituiu as canções, colocando elementos regionais na sua partitura instrumental. O filme está disponível na Netflix.