MORRICONE E O CORO

Enviado por admin em sab, 10/27/2018 - 10:03
A participação do coro na obra de Morricone é algo que merece uma atenção especial, principalmente pelo fato de que não estamos falando apenas de um compositor que se notabilizou pelas mais belas páginas musicais para o cinema.

A participação do coro na obra de Morricone é algo que merece uma atenção especial, principalmente pelo fato de que não estamos falando apenas de um compositor que se notabilizou pelas mais belas páginas musicais para o cinema. Paralelamente a sua carreira cinematográfica, não podemos nos esquecer que desde a década de quarenta, portanto muito antes das trilhas sonoras, já Morricone estava debruçado na produção da “musica assoluta”. Já quando iniciou sua produção erudita, a partir de uma peca para piano e voz, ficava evidenciada a importância que a participação vocal teria na sua obra. Já em 1952 ele compunha uma Cantata para Coro e Orquestra. O primeiro trabalho onde Morricone promove uma mescla perfeita entre o erudito e a trilha sonora foi por ocasião do filme de 1966 dirigido por Luciano Salce com EL GRECO, mostrando a trajetória do pintor El Greco que tem como clientes a nobreza espanhola, mas devido a polemica despertada pelas suas pinturas, acaba enfrentando a Santa Inquisição. Neste ambiente , Ennio Morricone constrói uma exuberante e litúrgica trilha de contornos capaz de fazer emergir todo o vigor da sua veia criativa clássica. Temos momentos como em “Exultate Dio”, “Asperges Me”, “Chants II” e “Unus Et Trinus”. Este trabalho e Morricone para EL GRECO coincidiu com um momento em que ele dentro do campo da “musica assoluta”estava compondo em “Requiem per um destino per coro e orchestra” o que o estimulou ainda mais.

Em 1973 por ocasião do filme do amigo Giuliano Montaldo GIORDANO BRUNO ele produziu duas peças para coro verdadeiramente fantásticas sendo a primeira “Super Flumina Babilonis”e a outra “Domini Quando Veneris”. Claro que A MISSÃO tem um peso substantivo quanto ao aspecto qualitativo da obra de Morricone e sobre ela trataremos mais adiante, mas nesta homenagem que estamos prestando, queremos aproveitar para resgatar outros trabalhos que se não ganharam grande notoriedade, pelo menos revelam profunda densidade, como foi o caso da trilha sonora do filme VATEL, UM BANQUETE PARA O REI do mesmo diretor de A MISSÃO, Roland Joffé. A partir do tema principal temos uma participação coral verdadeiramente expressiva.