Em seu novo filme, o cineasta alemão Wim Wenders faz com que seus dois personagens centrais utilizem as asas do desejo, alimentando o presente com as lembranças do passado. Se em Asas do Desejo o olhar dos dois anjos da guarda era de cima para baixo, se em Paris Texas o desafio era um deserto, desta feita no filme SUBMERSÃO, Wenders resolve contar uma história de amor entre um agente secreto britânico James ( James McAvoy) que se torna prisioneiro na Somália, enfrentando a desértica África, enquanto que a pesquisadora Danielle (Alicia Vikander) tenta encontrar nas profundezas do mar um novo sentido para sua vida. Ambos viveram num curto espaço de tempo uma intensa paixão. Uma vez que cada um encontra-se com sua própria solidão, o único alimento dessa relação passa a ser sustentada pelas lembranças.
Wim Wenders neste seu novo filme, trata de questões políticas e ambientais, usando como gancho uma história de amor. Ele encontrou uma maneira de contar uma história que mostra todo o radicalismo jihadista, uma espécie de fanatismo politico e religioso, onde a essência é o ódio, sendo que o melhor antídoto para o combater seria o amor. O homem foi à lua e continua buscando no espaço um conhecimento, desconsiderando o que existe nas profundezas do mar produzindo as mudanças climáticas.
A trilha sonora do filme SUBMERSÃO foi composta pelo espanhol Fernando Velásquez e num determinado momento, pode parecer estar em descompasso com as próprias cenas. No entanto, o motivo musical principal que o compositor deve ter utilizado para marcar a presença da trilha em cena pode ser traduzida através de uma palavra: lembrança. A narrativa binária de Wenders ao mesmo tempo em que pontua o presente, alterna com o passado, nos momentos de amor que os dois personagens viveram. É isso que move e alimenta os dois personagens centrais da trama. Nesse sentido a música de Fernando Velásquez cumpriu fielmente o seu papel, com o tema principal em ritmo de adágio, de uma beleza sublime.