MUNDO CÃO é o título de um documentário italiano dirigido por Gualtiero Jacopetti, Franco Prosperi e Paolo Cavara. As filmagens consumiram dois anos de trabalho cobrindo uma boa parte do mundo, desde Nova Guiné, passando pelos Estados Unidos, França até a Arábia Saudita. O documentário oferece uma radiografia profundamente realista da humanidade da época. O documentário produziu um grande impacto e foi valorizado, sobretudo, pela trilha sonora composta por Riz Ortolani e Nino Oliviero. A canção “More” foi indicada ao Óscar de Melhor Canção de 1962. Indiscutivelmente, a simples indicação ao Óscar contribuiu para dar grande visibilidade e também publicidade à trilha sonora, tanto que na época o LP estampava na capa o Oscar. A música também recebeu importante reconhecimento ao ser indicada para o ambicionado prêmio Grammy. Por outro lado, o documentário que conquistou enorme popularidade também recebeu o prêmio David Donatello da Itália, além de ter sido indicado para a Palma de Ouro do Festival de Cannes.
O compositor Riz Ortolani teve um excelente estreia no cinema com o documentário MUNDO CÃO, de 1961. Como bem frisou o próprio Ortolani, a música para o cinema nasceu com objetivo de amparar e acompanhar as imagens do filme, mas que deve ser autônoma, quanto a sobreviver fora das telas, como aconteceu com a música de MUNDO CÃO.
Em 1964, Ortolani incursiona pela primeira vez no gênero western trabalhando com o diretor argentino Hugo Fregonesi que dirigiu OLD SHATTERHAND, filme estrelado por Lex Barker que tinha alcançado a fama com o personagem Ursus. Seguiram-se muitos outros filmes dentro do gênero spaghtti-western, mas, indiscutivelmente, o trabalho de maior ressonância foi DIAS DE IRA (1967), dirigido por Tonino Valeri, com Giuliano Gemma e Lee Van Cleef no elenco. O sucesso na música no cinema voltaria acontecer, em 1972, quando Riz Ortolani vai trabalhar com o cineasta Franco Zeffirelli em IRMÃO SOL, IRMÃ LUA. O filme foi indicado ao Óscar na condição de melhor direção de arte. Ainda no início dos anos1970, um trabalho que reconhecemos de grande expressividade na trajetória de Riz Ortolani foi OS SEGREDOS DA COSA NOSTRA, com direção de Terence Young, estrelado por Charles Bronson e Lino Ventura.
Um desafio interessante na trajetória de Riz Ortolani ocorreu devido ao convite do cineasta Ruggero Deodato para o documentário HOLOCAUSTO CANIBAL (1980) com cenas de muita violência e de causar arrepios. Diferentemente dos trabalhos produzidos anteriormente, Ortolani não se preocupou em compor uma trilha sonora convencional. Aproveitando a oportunidade de mais uma vez trabalhar com uma grande orquestra, além da utilização de efeitos sonoros, Ortolani fugiu do padrão de produzir uma peça musical baseada na própria ambientação do filme. Nesse trabalho de muito arrojo, a trilha sonora de Riz Ortolani funciona como uma espécie de comentário musical sobre aquilo que está sendo mostrado na tela. O tema mais importante inspirado na angústia da personagem principal, por força de todo o seu sofrimento, fez com que Ortolani buscasse num adágio a melhor expressão musical de profunda melancolia para o tema. Quando a trilha sonora ficou pronta, o cineasta Ruggero Deodato mostrou-se profundamente entusiasmado com o trabalho extremamente moderno produzido por Ortolani, já que ele praticamente ajudou a reforçar as cenas de impacto daquela produção, sobretudo, a beleza fotográfica do filme. A trilha sonora de HOLOCAUSTO CANIBAL foi lançada em 1995 numa edição limitada a 1.000 cópias, rapidamente consumida pelos ávidos colecionadores.
O compositor Riz Ortolani esteve no Brasil em 1989 participando do projeto Viva Itália, quando teve a oportunidade de promover um memorável concerto, em que foram homenageados Otorino Respighi, Renzo Rossellini, Carlo Rustichelli, Ennio Morricone e Nino Rota. Riz Ortolani veio com sua mulher, a cantora Katyna Ranieri.
Em 2010 ele compõe a trilha sonora do filme do cineasta Pupi Avati, UNA SCONFINATA GIOVINEZZA.
Riz Ortolani nasceu em Pesaro, no dia 04 de setembro de 1934 e como seu pai amava a música, já aos quatro anos de idade dava mostras de que mais que um desejo, a carreira musical era seu objetivo Os estudos foram completados no Conservatório Gioachino Rossini, seguindo posteriormente para a Academia Chigiana da cidade de Siena onde estudou regência.
Ao longo de sua trajetória de compositor de trilhas, Riz Ortolani teve a oportunidade de trabalhar com importantes nomes da direção como Dino Risi, Tonino Valeri, Vittorio De Sica, Alberto Latuada, Franco Zeffirelli, Edward Dmitryk, Terence Young, Lewis Gilbert e muitos outros.
Juntamente com sua esposa, Katyna Ranieri, criou a Fundação Riz Ortolani que distribui bolsas de estudos e também organiza concertos e seminários de música. Além da sua atividade como compositor de trilhas, ele também se dedica à atividade concertista regendo renomadas orquestras em diferentes países como Inglaterra, Alemanha, Japão, México, Estados Unidos dentre outros.
Riz Ortolani adota sempre uma linguagem musical que se moderniza a cada novo trabalho.