MUITA MÚSICA PARA POUCO FILME

Enviado por admin em dom, 03/18/2018 - 15:52
Os críticos defendem que a música nunca deve sobrepujar uma determinada cena, sob o risco de anular por completo aquele instante. Mas não devemos ser tão rígidos, pois determinadas trilhas, em determinados momentos de um filme, parecem assumir para si toda a responsabilidade do que está acontecendo, pois até porquê não há palavras suficientes para dimensionar uma emoção, senão através da própria música.

Em seu livro ESCULPIR O TEMPO, o cineasta russo Andrei Tarkovski faz a seguinte colocação: “Bem usada, a música tem a capacidade alterar todo o tom emocional de uma sequência filmica; ela deve ser inseparável da imagem visual a tal ponto que, se fosse eliminada de um determinado episódio, a imagem não apenas se tornaria mais pobre em termos de concepção e impacto, mas seria também qualitativamente diferente”. Essa frase é muito profunda e nos estimula a uma reflexão bastante apurada sobre o papel da música dentro do contexto da narrativa cinematográfica. Os críticos defendem que a música nunca deve sobrepujar uma determinada cena, sob o risco de anular por completo aquele instante. Mas não devemos ser tão rígidos, pois determinadas trilhas, em determinados momentos de um filme, parecem assumir para si toda a responsabilidade do que está acontecendo, pois até porquê não há palavras suficientes para dimensionar uma emoção, senão através da própria música. Por outro lado, somos obrigados a reconhecer que quantas vezes fomos ao cinema e acabamos surpreendidos pela beleza de uma trilha sonora, visto que somente ela para assumir a dianteira, uma vez que o filme deixa completamente a desejar. Nesse sentido fica configurada a situação de “muita música para pouco filme”que é justamente o que ocorreu com a produção francesa de 1996, assinada pelo diretor Gerard Oury O FANTASMA COM O MOTORISTA. Bem, nem mesmo a estrela do excelente Philippe Noirret  brilharia no sentido de salvar esta tentativa de comédia de um fiasco. Coube ainda ao compositor polonês Wojcieh Kilar a responsabilidade de cumprir na trilha sonora um papel que pidesse abrandar o mal estar com o filme. Bem, aí realmente funcionou e o compositor polonês conseguiu com um trabalho de primeira linha.