Piero Piccioni emerge para a música no cinema justamente num dos períodos mais férteis da Itália. Naquela época os nomes de Nino Rota, Armando Trovajoli, Mario Nascimbene despontavam com grande destaque. A música parecia não ser o caminho de Piccioni, mas por via das dúvidas quando ingressou na Faculdade de Direito, preferiu adotar o nome de Piero Morgan. Depois de formado, chegou a se estabelecer com um escritório de advocacia, mas sua vocação era a música, pois como um amante do jazz, de tanto ouvir Charlie Parker e Duke Ellington, de repente envereda com toda a força no campo das trilhas sonoras. Piero Piccioni nasceu em Turim no dia 06 de dezembro de 1921. Nos seus estudos de música no Conservatório de Turim, contou com dois grandes mestres Luigi Dallapiccola e Valentino Bucchi.
Quem estimulou Piccioni a entrar para o campo das trilhas sonoras foi o cineasta Michelangelo Antonioni, com quem aliás trabalhou em apenas uma oportunidade que foi por ocasião do filme de 1965 AS TRÊS FACES DE UMA MULHER. O primeiro convite para sua entrada no cinema partiu do diretor Gianni Franciolini, com quem trabalhou em CONDENADAS PELO MUNDO em 1950. Desde as primeiras trilhas sonoras ele assinava seu nome ainda como Piero Morgan e foi assim até 1958. Sua primeira trilha sonora como Piero Piccioni também é de 1958, para o filme BALLERINA E BUON DIO do diretor Antonio Leonviola, uma comédia. A sua primeira trilha sonora de sucesso foi para o filme de Mauro Bolognini de 1960, O BELO ANTONIO filme estrelado por Marcello Mastroianni e Claudia Cardinale. Piero Piccioni trabalhou com importantes nomes da direção cinematográfica como Sergio Corbucci, Luchino Visconti, Alberto Latuada, Francesco Rossi, Elio Petri, Mauro Bolognini, Bernardo Bertolucci e muitos outros. A incursão pelos mais distintos gêneros cinematográficos se constituía num delicioso desafio onde ele exalava invariavelmente a influência jazzística, mas também um fraseado de profunda elegância. Na trilha sonora do filme de 1963 IL BOOM com Alberto Sordi, tivemos um belíssimo “Samba Della Ruota”composto por Piccioni. Foram quase 200 trilhas para o cinema, com músicas que se moldavam perfeitamente às cenas, valorizando a narrativa cinematográfica. Um dos trabalhos mais esplendidos de Piero Piccioni, sem dúvida foi para o filme de 1987 dirigido por Francesco Rosi CRÔNICA DE UMA MORTE ANUNCIADA, onde temos numa determinada cena, um bolero que mexeria até mesmo com as estruturas de Ravel. Na trilha do filme A MORTE de Bernardo Bertolucci, temos um tango de arrancar suspiros de Piazzolla.
Piero Piccioni morreu no dia 23 de Julho de 2004, mas suas músicas continuam ecoando forte nas trilhas sonoras de vários filmes como em 2013 por ocasião de O LADO BOM DA VIDA e a música “Amore A Forza”. Na serie televisiva americana SEGURA A ONDA, que teve início em 2001 e até 2017 foram aproveitadas cinco músicas em 24 episódios. Dessas a mais executada foi Spinning Waltz, que Piero Piccioni compôs para a trilha sonora do filme OS CASAIS de 1970.