Quando falamos em duelo na tela, logo nos vem à mente a imagem entre o mocinho e o bandido parados no meio de uma rua empoeirada em posição de confronto. Mas no cinema, este tema transcende o gênero western e torna-se muito mais abrangente, a partir do momento em que imaginamos uma infinidade de outras situações que configuram um duelo. Para não frustrarmos quem logo imaginou os filmes de western, poderíamos iniciar os nossos exemplos invocando a produção dos anos 50, assinada pelo diretor Fred Zinnemann MATAR OU MORRER, com Gary Cooper no papel do xerife Kane, que uma vez abandonado pela população, tem que enfrentar sozinho um bando que vai chegar de trem ao meio-dia. A partir desse instante o protagonismo passa a ser exercido pelo relógio que vai marcar o tempo, aumentando a própria agonia do xerife Kane.
Assim como Fellini se divertia lendo as críticas e intepretações muitas vezes filosóficas e psicanalíticas de seus filmes, também o cineasta Fred Zinnemann a propósito de MATAR OU MORRER, também chegou a pelo menos achar criativas algumas interpretações. Claro que durante a época da caça aos comunistas, houve quem denunciasse como o roteirista Carl Foreman era comunista, o filme tinha cunho político. Aliás o roteirista Carl Foreman teve que comparecer durante as filmagens de MATAR OU MORRER, diante do Comitê Sobre Atividades Não Americanos e travou um intenso duelo com seus opositores. Mas no filme, mais uma vez o roteiro inteligente contribuiu para o prolongamento das emoções diante do conflito entre o xerife Kane e Frank Miller e seus comparsas. A todo o momento a câmera foca o relógio da estação marcando a passagem do tempo e aumentando a temperatura do filme. Nesse sentido a música do ucraniano Dimitri Tiomkin se mostrou rigorosamente sob medida no sentido de amplificar a tensão e emoção que antecedia a cena do duelo final.