Se existe algo novo nos últimos tempos que surgiu em termos de música no cinema, isso devemos ao compositor islandês Jóhann Jóhannsson. Os apreciadores da música no cinema já perceberam há muito tempo, que as trilhas estavam cada vez mais umas parecidas com as outras. Isso tanto vale para o cinema, como também para os próprios comerciais veiculados na televisão. Já estava na hora de se romper o padrão e apresentar uma nova fórmula musical. Ao assistir ao filme Os Suspeitos de 2013, deu para perceber que a originalidade não vinha da história contada na tela, mas sim da sua música.
Iniciei uma pesquisa pelo canal do YouTube e pude então ter acesso a outros trabalhos de Jóhannsson, como para o documentário de 2012 FREE THE MIND. Procurei então conhecer trabalhos que não foram feitos para o cinema e conheci então um outro magnifico trabalho de JÓHANNSSON intitulado FORDLANDIA , uma peça erudita de altíssima qualidade em que ele gravou com uma orquestra de cordas de Praga. Vieram outros trabalhos de grande densidade, primeiro a trilha sonora do filme A TEORIA DE TUDO de 2014 e um outro trabalho de profunda originalidade que foi para SICARIO de Villeneuve. Mas foi em 2016 que JÓHANNSSON acabou se superando com o seu trabalho para o filme A CHEGADA. O mais instigante na trilha sonora de A CHEGADA é a capacidade de Jóhann Jóhannsson de respeitar os vácuos de silêncio, preenchendo justamente o espaço em que a música se torna rigorosamente imprescindível.
O estilo musical de Jóhann Jóhannsson muitas vezes se aproxima de alguns nomes como do compositor francês Gerard Grisey, John Cage e até mesmo do japonês Toru Takemitsu.
Mas na trilha sonora de CHEGADA, um papel crucial foi quanto a participação do grupo do chamado Theatre Of Voices, cujo domínio das técnicas vocais foi de fundamental importância quanto a imprimir uma cadência que ao mesmo tempo fundindo estilos antigos e contemporâneos. Acordes que pontuaram soberbamente o papel intimista que uma espécie de vozes do além caracterizariam criaturas do espaço sideral como na faixa batizada por “Kangaru”.
Jóhann Jóhannsson, sem dúvida, se traduz como uma grata revelação dos últimos dez anos da música no cinema. O grande segredo da composição de Jóhann Jóhannsson está justamente na sua capacidade de permitir que a sua música afete as nossas emoções, permitindo com isso que as cenas em nossa mente possam ser construídas em nossa mente. Um dos exemplos está na sua magnifica composição que não foi concebida para o cinema intitulada “Orpheu”, uma música instigante, evocativa e pungente.
Este é o grande segredo de uma legítima trilha sonora, que é de possuir a capacidade de sobreviver desconectada das cenas do filme.
No vídeo temos a gravação especial do grupo de música contemporânea do compositor Jóhann Jóhannsson no estúdio da Rádio KEXP de Seatle no dia 20 de Abril de 2017. A composição do grupo musical com Clarice Jensen, cello, Paul Wiancko, cello, Caleb Burhans, viola, Ben Russell, violino e Laura Lutzke, violino.
Jóhann Jóhannsson aniversariando neste dia 19 de outubro, ele que nasceu na cidade islandesa de Reykjavik.