Em seu quarto longa metragem VOCÊ NUNCA ESTEVE AQUI a cineasta escocesa Lynne Ramsey resolve contar uma história em torno do personagem Joe ( Joaquin Phoenix) que esteve no Vietña e trouxe na sua bagagem o PTSD ( estresse pós traumático). Este quadro que provoca uma desordem de ansiedade e no caso de Joe sua ira era despejada nas suas vítimas, pois se transformou em assassino profissional. Ele é contratado por um senador americano para resgatar sua filha que caiu numa rede de pedófilos. O personagem Joe se fosse examinado por Jung, talvez este o diagnosticasse como uma alquimia esquizoide, num cruzamento entre os personagens cinematográficos Norman Bates ( Antohny Perkins) de Psicose , Travis Bikle (Robert De Niro) de Taxi Driver e Jack Torrence ( O Iluminado), quanto a este último ele troca a machadinha pelo martelo. O personagem Joe é atormentado pelos fantasmas que povoam a sua mente que entra num processo desintegração.
A cineasta Lynne Ramsey procurou não ser tão fiel a história contada no livro escrito por Jonathan Ames, principalmente pelo fato de que ela queria oferecer um contorno mais político dentro do atual contexto que estamos vivendo, do que a referencia do livro que era da máfia. Aliás o roteiro de Ramsey acabou sendo premiado em Cannes em 2017, assim como o convincente desempenho do ator Joaquin Phoenix no papel de Joe. Assim como Jake La Motta, personagem vivido por Robert De Niro em O TOURO INDOMÁVEL teve que engordar 20 quilos depois que parou de lutar, também Joaquin Phoenix para viver Joe teve que engordar bons quilos. Tudo isso por conta de que a cineasta Ramsey queria mostrar imperfeições não só no aspecto emocional, mas sobretudo físico, daí a configuração de um personagem totalmente fora do convencional. A violência no filme é tratada muito mais com o seu resultado, do que propriamente a imagem violenta. Um filme sombrio, com planos longos em que a música exerce o papel de amplificar o impacto das cenas. Mas na maior parte do tempo a trilha sonora do inglês John Greenwood assume um caráter marginal e se submete ao silêncio que as cenas exigem, apresentando-se apenas quando é invocada. Se em TRAMA FANTASMA a música de Greenwood teve uma preponderância, poderíamos dizer que em VOCÊ NUNCA ESTEVE AQUI, ela assume uma insignificância rigorosamente obrigatória por conta da história contada.