TRIBUTO PARA NINO ROTA

Enviado por admin em ter, 04/10/2018 - 08:50
Certa vez, o cineasta Federico Fellini afirmou: “o colaborador mais valioso de todos era Nino Rota. Entre nós estabeleceu uma integração total desde Abismo de Um Sonho. Nossa integração foi interessante: eu tinha decidido ser diretor, e Nino era uma premissa para que continuasse a sê-lo. Tinha uma imaginação geométrica, uma visão musical das esferas celestes, para quem não havia necessidade de ver as imagens de meus filmes.” 

Nino Rota nasceu em Milão, uma cidade sofisticada, com grande influência na cultura criativa. Nino Rota era uma criança prodígio, já que aos oito anos começou seus estudos de música. O seu talento aflorou quando tinha onze anos e compôs um oratório intitulado " A Infância de São João Batista ".

Estudou composição e regência no Conservatório de Milão. A complementação de seus estudos se daria nos Estados Unidos, com dois conceituados mestres de composiçãoRosário Scalero e Fritz Reiner. 

Em 1937, ele começou a lecionar no Conservatório de Bari, assumindo a direção até sua morte em 10 de abril de 1979. A sua entrada para o cinema se deu a partir da década de quarenta, coincidindo com um período de grande efervescência cinematográfica através do  movimento  conhecido mundialmente como neo-realismo. Nesse período surgiram trabalhos memoráveis como VIVER EM PAZ, filme dirigido por Luigi Zampa, de 1946.

Certa vez, o cineasta Federico Fellini afirmou: “o colaborador mais valioso de todos era Nino Rota. Entre nós estabeleceu uma integração total desde Abismo de Um Sonho. Nossa integração foi interessante: eu tinha decidido ser diretor, e Nino era uma premissa para que continuasse a sê-lo. Tinha uma imaginação geométrica, uma visão musical das esferas celestes, para quem não havia necessidade de ver as imagens de meus filmes.” 

Nino Rota também trabalhou com outros importantes nomes do cinema como Luchino Visconti. A parceria entre ambos teve início em NOITES BRANCAS, seguindo-se as participações com as trilhas em ROCCO E SEUS IRMÃOS, BOCACCIO 70 e O LEOPARDO. 

No ano de 1968 ele aceita um convite de Franco Zefirelli para aquele que se tornaria uma de suas trilhas mais famosas, até então, dotada de um lirismo, romantismo capaz de levar às lagrimas multidões do mundo inteiro, ROMEU E JULIETA. Num gesto de humildade de grandes almas, Nino Rota certa vez telefonou para Henry Mancini para cumprimentá-lo pelo estupendo arranjo musical que proporcionou para ROMEU E JULIETA, música mundialmente consagrada através de inúmeras gravações. 

Francis Ford Coppola foi até a Itália, em 1972, convidar pessoalmente Nino Rota para fazer a música de O PODEROSO CHEFÃO, filme baseado no romance de Mario Puzo. Em 1974, a trilha de O PODEOROSO CHEFÃO seria escolhida premiada com o Oscar só que naquela oportunidade a trilha foi composta em parceria com o pai do diretor, o compositor Carmine Coppola. Cumpre destacar que Carmine compôs apenas três faixas, enquanto Nino Rota ficou com o restante das 11 faixas. 

O ritmo da música de Rota tem a capacidade de tocar a nossa alma, enquanto tempera imagens memoráveis. Mesmo que determinadas produções não tivessem a capacidade para impressionar o público, sua música marcava presença de forma discreta, mas profundamente envolvente. Ele fazia questão de rotular sua música de marginal, mas ela tinha uma funcionalidade rigorosamente impressionante. Rota é um nome que deve ser reverenciado por tudo aquilo que produziu para a música no cinema.

No arquivo de áudio uma das músicas sinfônicas compostas pelo genial Nino Rota para o filme MORTE SOBRE O NILO, filme de John Guillermin.