UM HOMEM DE SORTE

Enviado por admin em dom, 04/21/2019 - 10:17
Billy August em UM HOMEM DE SORTE, mostra que continua sendo um dos grandes expoentes da cinematografia mundial. 

Este é o filme de 2018 dirigido pelo competente cineasta dinamarquês Billy August, cujo primeiro trabalho que conferi foi PELLE, O CONQUISTADOR de 1987, logo percebi que estava diante de um cineasta que poderia surpreender pela qualidade dos seus trabalhos. Na sequência ele filmou AS MELHORES INTENÇÕES, A CASA DOS ESPÍRITOS, OS MISERÁVEIS e mais recentemente tinha visto TREM NOTURNO PARA LISBOA. A partir da obra de Henrik Pontoppidan, Billy e seu filho Anders costuraram um roteiro muito bem estruturado de uma história que se passa em pleno século XIX, mas cujo personagem central Peter Sidenius, poderia representar alguém dessa nova geração “selfies”. Peter experimentou a pobreza absoluta na infância e foi submetido a um rígido padrão religioso imposto pelo pai pastor que desejava que seu filho seguisse a carreira religiosa. Mas Per, diminutivo de Peter, tinha uma ambição estimulada por uma inteligência visionária que o fez escolher a engenharia. Deixando o interior, indo para Copenhague, logo se vê atraído pelo outro lado da nobreza, o que aflora seu ímpeto de mudar de padrão de vida. De repente ele cria uma situação para se aproximar de uma das famílias mais ricas da capital dinamarquesa e com isso quem sabe dar contornos de realidade a todos os projetos de engenharia eólica. Para dar o “golpe do baú”, ou como diria o agiota “colocar o pinto a juro”, ele tem como alvo a filha mais velha de um rico industrial, que deveria ficar com a parte maior da herança. Rapidamente no seu circulo de relacionamento as pessoas o identificavam como “um homem de sorte”. Mas um dos grandes inimigos que ele terá pela frente é exatamente o seu egoísmo irracional, turbinado por teorias conspiratórias e traumas familiares, entendo que até a força do vento deveria girar apenas em torno da sua pessoa. Quantos jovens de hoje se encaixariam no perfil de Per? Pois muitos deles com seus celulares curtindo “selfies” estão na realidade muito mais preocupados em autoafirmação e buscando muito mais seus interesses do que seus direitos. Outra surpresa agradável no filme foi a trilha sonora do compositor alemão Lorenz Dangel, a quem comecei acompanhar a partir da sua trilha sonora para o filme de 2015 EU E KAMINSKI. O tema principal é profundamente inspirador e contribuiu para valorizar a produção dirigida por Billy August que no Robert Festival, que é uma espécie de Oscar da Dinamarca recebeu 5 indicações. Billy August em UM HOMEM DE SORTE, mostra que continua sendo um dos grandes expoentes da cinematografia mundial.  O filme está disponível na Netflix.