Mario Monicelli nasceu no dia 15 de maio de 1915 em Viareggio, região da Toscana. Filho do crítico teatral e jornalista Tommaso Monicelli, Mario formou-se pela Universidade de Pisa em história e filosofia em 1932. Também atuou como crítico de cinema, quando teve a oportunidade de conhecer importantes nomes da direção como Alberto Monadori, Michele Badiek, iniciando com estes uma participação direta no cinema. Ele iniciou oficialmente sua trajetória no cinema em 1949, co-dirigindo Totó, com Stenó em TOTÓ TROVA CASA. A direção monicelliana poderia ser considerada como a melhor expressão do compromisso entre o cinema de autor e o cinema tido como comercial. Na verdade, essa conjunção só foi possível pela receita de sucesso, expressa através de uma certa cumplicidade da crítica e o afeto do público. Em outras palavras, impossível não se envolver com os personagens mostrados por Monicelli em seus filmes.
O INCRÍVEL EXERCITO DE BRANCALEONE, um dos grandes sucessos do cinema italiano, nesta produção de 1966 estrelada por Vittorio Gasmann. Trata-se de uma ideia magistral de Monicelli de realizar com grande ironia o episódio da idade média, narrado de forma hilária, uma aventura fantasiosa de um grupo de fanáticos. Entusiasmado com o sucesso de crítica e público pelo trabalho em O INCRIVEL EXERCITO DE BRANCALEONE, Monicelli nem pestanejou ao conceber uma espécie de seqüência, só que desta feita a gozação seria em cima das cruzadas. Vittorio Gassman interpreta Brancaleone da Norcia, cavaleiro vestido desamurai em BRANCALEONE E AS CRUZADAS.Sem dúvida um trabalho extremamente original concebido por Mario Monicelli.
Monicelli, um piadista, um inveterado fanático pelo cotidiano, sempre rico para os argumentos de seus filmes, como aconteceu em MEUS CAROS AMIGOS, projeto que pertencia ao seu grande amigo Pietro Germi, que antes de falecer, pediu a ele que filmasse o roteiro. Monicelli não só fez MEUS CAROS AMIGOS em 1976, Ugo Tognazzi, Philippe Noiret, Adolfo Celi e Gastone Moschin, como mais tarde em 1982, faria uma continuação desse filme através de O QUINTETO IRREVERENTE, que é até hoje, o filme recordista em permanência em cartaz no Brasil.
Em 1999 Mario Monicelli recebeu uma menção de honra no Festival de Berlim, pelo exuberante trabalho em CARI FOTUTÍSSIMI AMICI, depois do humor sarcástico e cruel de "Parente é Serpente" Monicelli apostou nesta comédia escrachada que tem como cenário a região de Toscana, na Itália. O filme acompanha as desventuras de um grupo de amigos em uma Florença destruida pela guerra e recém-libertada do domínio alemão pelas forças aliadas. Dieci (Paolo Villaggio), ex-pugilista, resolve montar um espetáculo itinerante de lutas de boxe. A idéia é organizar um tour na região da Toscana para ganhar algum dinheiro e, principalmente, conseguir algo para comer. Depois de reunir quatro rapazes, que nunca lutaram boxe na vida, a turnê se inicia. No trajeto, Dieci e seus pupilos encontram os mais variados tipos de pessoas e vivenciam situações extremamente engraçadas e inesquecíveis.
Também dedicou uma parte considerável de sua carreira ao teatro, o que só reafirma a sua identidade com a arte de representar. Como roteirista, deixou em inúmeras produções a marca do seu talento e criatividade, construindo personagens que eram cidadãos comuns, que a gente poderia encontrar na primeira esquina.
Mario Monicelli morreu no dia 29 de novembro de 2010 aos 95 anos suicidando-se depois de enfrentar um tratamento contra um câncer de próstata.
A simplicidade dos temas, aliada a perspicácia, humor e competência, fizeram de Monicelli um verdadeiro gênio da arte de filmar.