Quando o compositor Max Steiner compôs a trilha sonora do filme KING KONG de 1933, tinha estabelecido um padrão musical para filmes de aventura. Essa criação coincidiu justamente num momento em que a música originalmente composta para o cinema dava seus primeiros passos. Ao longo de um século de cinema, milhares de produções foram eternizadas por suas músicas originais. A música de Steiner pode ter inspirado John Barry quando este produziu o remake de KING KONG de 1976, bem como o compositor inglês John Scott quando compôs para o KING KONG VIVE de 1986. Além de John Barry e John Scoot, Steiner também serviu como inspiração para Akira Ifukube que compôs a trilha de KING KONG X GODZILA em 1962. Enfim, a música de Steiner é antológica e estabeleceu um padrão para trilhas sonoras do gênero. Em 2005, quando se anunciava as filmagens de KING KONG sob a direção de Peter Jackson, seu roteiro e sua trilha sonora seriam fiéis ao primeiro filme de 1933.
No horizonte de Hollywood, poucos compositores poderiam estar vocacionados a tentar produzir um trabalho que lembrasse o de Steiner, um desses certamente foi o canadense Howard Shore, principalmente depois da trilha da trilogia O SENHOR DOS ANÉIS. Lembrando o fatídico desfecho da parceria Hitchcock-Herrmann, tivemos também um desentendimento entre Peter Jackson e Howard Shore, o resultado foi a substituição do compositor canadense pelo norte-americano, querido dos produtores de Hollywood, James Newton Howard, o qual atravessava o melhor momento de sua trajetória cinematográfica reafirmando o seu talento a cada novo trabalho. Em KING KONG, considerando a exiguidade de tempo para trabalhar composição, diríamos que conseguiu produzir uma trilha que manteve seu caráter funcional, não concorreu com o filme e atingiu os objetivos, principalmente aquele de dar emoção, estimular o espectador a chorar, nem que fosse de compaixão pelo gorila. Por outro lado, se Howard Shore tivesse sido o responsável pela trilha, poderíamos esperar algo inspirado em muito mais notas de Steiner. Quanto a James Newton Howard, este se manteve rigorosamente dentro do padrão que lhe é peculiar, o de colocar a funcionalidade dos acordes a serviço do filme. No entanto, em certo instante, nem mesmo ele conseguiu se manter distante de Steiner e num determinado momento irrompe um acorde característico da partitura original de 1933. James Newton Howard também havia se rendido ao grande mestre da Idade de Ouro da música no cinema, que o estilo rompante é atestado por sua eloquência musical.
Em 1976, a The National Philharmonic Orchestra, com regência de Fred Steiner, gravou a trilha sonora original de KING KONG de forma primorosa, que garantiu uma execução simplesmente fantástica da composição de Max Steiner. Em 1984, a gravadora Southern Cross editou um CD apenas com doze músicas. Porém, em 1996, com patrocínio da etiqueta Marco Polo, um CD da Orquestra Sinfônica de Moscou, com regência de William J. Stromberg, foi editado com as 22 músicas da trilha sonora de KING KONG, de 1933.