O outono é uma estação que simboliza mudança, com suas folhas evoluindo para cores mais quentes. O outono representa uma mudança de direção. No filme FOLHAS DE OUTONO do renomado cineasta finlandês Aki Kaurismäki, a história se passa no ano de 2023, mas com uma atmosfera que transita pelos anos 1970. Num filme, nada impede que ele se inspire para além da realidade, ou que busque aquilo essencial em outras artes. O personagem Holappa trabalha na construção civil e se escora na bebida para fugir do tédio e solidão. Ansa, a outra personagem, trabalha num supermercado, mas é demitida após roubar um sanduíche com data de validade vencida. Os dois se encontram num pub de karaokê e, apesar de toda timidez, descobrem um gosto em comum, o cinema. No filme, desfilam pela tela cartazes de filmes famosos dos anos de 1960 e 1970, num tributo do diretor finlandês ao cinema. A ambientação do filme num tempo analógico representa uma espécie de nostalgia enternecedora. A trilha sonora é valorizada por gêneros distintos, músicas de época, mas impossível não perceber o grande realismo da Sinfonia Patética de Tchaikovsky e a Serenata de Schubert. Nas canções, as letras refletem a realidade dos personagens. Num mundo desolado, em que as notícias da guerra da Ucrânia chegam por meio de um rádio, não existe muita esperança para essas duas almas, Holappa e Ansa. Mas no filme, o impossível pode acontecer pelo poder mágico e poético de um calor que penetra os corações dos personagens. Se o outono pode representar certa opressão, por outro lado, a estação pode ser inspiradora para abraçar a mudança. FOLHAS DE OUTONO, a nossa dica cinematográfica disponível na plataforma MUBI.
