O cineasta Alfred Hitchcock foi indiscutivelmente o grande mestre do suspense do século XX. Estamos em nova era do cinema que resgata o bom suspense, mas de uma forma diferenciada, permitindo que a nostalgia dos gibis, ou melhor das histórias em quadrinhos, pudesse estar representada, neste novo “boom” que o cinema vivencia através dos super-heróis. O cineasta M. Night Shyamalan continua sendo um excelente contador de histórias e a exemplo de Hitchcock, continua fazendo pontas nos seus filmes em VIDRO ele aparece comprando equipamentos de segurança. As suas narrativas na tela grande do cinema, continua cativando plateias de distintas faixas etárias assim com o mestre do suspense Hitchcock. Foi o russo Tziga Vertov que inovou tirando a câmera do tripé e permitindo que o olho da câmera fosse o olho do espectador, com isso permitindo que a realidade fosse mostrada cara a câmera. Já Shyamalan faz da câmera não só o seu instrumento, mas o olho do espectador, permitindo que este se coloque no centro das ações, se tornando uma testemunha privilegiada de todas as ações que se desenrolam. VIDRO é um thriller psicológico num formato de história em quadrinhos, se tornando uma espécie de sequência do seu trabalho anterior, que foi FRAGMENTADO, mas ao mesmo tempo não perde a oportunidade para resgatar um elo de ligação com CORPO FECHADO como que promovendo uma trilogia. O triângulo formado pelos seus três personagens David Dunn ( Bruce Willis) e Elijah Price ( Samuel L. Jackson) e o ator James McAvoy vivendo 23 personalidades, num desempenho que deixaria Norman Bates com complexo de inferioridade. Para reunir esses três personagens em cena, só poderia haver um único lugar, uma Hospital Psiquiátrico. Tanto assim que para os espectadores da terceira idade, a sensação do filme nos remeter em UM ESTRANHO NO NINHO, pois cada um daqueles personagens tentaria nos convencer de que nenhum deles tinha nada a ver com aquele local.
A única certeza que o filme VIDRO nos apresenta é que nem tudo que tinha que ser dito, o foi, então prepara-se para a nova sequência.
A trilha sonora de VIDRO foi composta pelo roqueiro West Dylan Thordson. Quando Thordson foi trabalhar com Shyamalan, a partir de FRAGMENTADO ele percebeu que a sua trilha teria que estar em absoluta consonância com o perfil do personagem, ou no caso, das personalidades. Já em VIDRO, temos então uma música que contempla de acordes dissonantes a uma melodia cativante, capaz de expressar o sentimento que a personagem Casey ( Anya Taylor -Joy) tem para com a figura de Kevin (James McAvoy) . Assim sendo, um painel musical foi montado de forma a nos oferecer uma trilha de extrema funcionalidade a ponto de mexer com o próprio sentimento da plateia, como que conduzindo as suas emoções. Se VIDRO é o melhor filme de Shyamalan não é possível dizer, quem sabe o próximo!