MÃES PARALELAS

Enviado por admin em dom, 02/27/2022 - 10:48
Este é o decimo oitavo filme do cineasta Pedro Almodóvar que tive a oportunidade de assistir. Considerando então este universo visitado, posso assegurar que com MÃES PARALELAS, Almodóvar consegue produzir uma verdadeira obra- prima.

Este é o decimo oitavo filme do cineasta Pedro Almodóvar que tive a oportunidade de assistir. Considerando então este universo visitado, posso assegurar que com MÃES PARALELAS, Almodóvar consegue produzir uma verdadeira obra- prima. Ele não obteve indicação de melhor filme e nem de melhor direção para o Oscar de Hollywood de 2022, mas aquele de Espanha que é o Goya, este ele conseguiu. Estamos vivendo um momento de trevas em todo o mundo, com nítida divisão entre esquerda e direita, fascistas e antifascistas, negacionismo e cientificismo, reacionários e aqueles que estão a frente do seu tempo. No filme de Almodovar temos um painel amplo de uma realidade social que não se restringe a Espanha. Temas como estupro, aborto, gravidez indesejada, maternidade, paternidade, crise geracional, memória histórica e política, enfim Almodóvar aciona seu poder de síntese ao expressar essas abordagens. Vivemos um tempo em que quando falamos de memória, parece existir apenas aquela do computador. A geração mais jovem não tem ideia do que as anteriores passaram, bem por isso a preocupação com os seus dilemas atuais não permite que olhem para o passado visando entender o presente. Almodóvar tem na personagem Janis, brilhantemente interpretada por Penélope Cruz, uma âncora importante para cutucar a consciência. Ela é uma fotografa profissional que se vê diante de uma gravidez, fruto de uma relação com o antropólogo Arturo. A pedido dela, ele iria iniciar um projeto de escavações numa área rural, com objetivo de localizar os restos mortais de vítimas da ditadura de Franco. Nesse eixo político ela estabelece seu grande objetivo de vida, permitir que seus entes queridos possam ser localizados e pranteados. Uma frase dita pela personagem Janis a uma jovem mãe, diz muito sobre a realidade de uma juventude alienada para quem tentar enxergar o passado, seria equivalente olhar pelo retrovisor de um veículo. Janis alerta aquela jovem mãe, de que ela precisa saber a diferença do país em que mora e que seus pais e avós moraram. Não se pode estabelecer um pacto de esquecimento, diante de experiências que foram vivenciadas com a dor! Filme disponível na Netflix.