2001, UMA ODISSÉIA NO ESPAÇO (1969)

Enviado por admin em seg, 10/02/2017 - 16:07
2001 Uma Oidisséia no Espaço, Stanley Kubrick, Also Sprach  Zarathustra, Strauss

Se metaforicamente o filme SPARTACUS (1959) pode ser considerado uma resposta de resistência à perseguição imposta pelo macartismo, com 2001, UMA ODISSÉIA NO ESPAÇO ocorre o definitivo reconhecimento do talento de Kubrick. O cineasta Stanley Kubrick, depois de muitos anos de preparação, conseguiu transportar para a tela uma obra que representou uma consagração mundial, 2001 UMA ODISSÉIA NO ESPAÇO. O filme nasceu do conto escrito por Arthur C. Clarck que também foi o roteirista do filme. Essa produção é considerada revolucionária, principalmente pela capacidade de imprimir efeitos especiais que até então o cinema não tinha conseguido produzir. Uma sequência de imagens rigorosamente inesquecíveis e emblemáticas para a própria história do cinema, desde a do macaco-homem empunhando um osso, o magnífico alinhamento do Sol e da Lua, além do passeio sideral embalado pelo Danúbio Azul, como se estivéssemos navegando nas águas de uma imensidão azul. As origens e o destino da vida são dois temas que se bifurcam nessa narrativa muito bem estruturada, valorizada pela fotografia pictórica de Geoffrey Unsworth.

Em 1968, Alex North foi contratado por Kubrick para compor a trilha sonora de 2001, UMA ODISSÉIA NO ESPAÇO, trancou-se num hotel de Londres e trabalhou exaustivamente durante um mês entrando pelo Natal e Ano-Novo. De forma irresponsável, não teve nem a dignidade por parte do diretor de ser informado que seu trabalho não seria aproveitado no filme. Kubrick se incumbiu de fazer uma seleção musical reunindo os compositores austríacos Johann e Richard Strauss, além de Gyorgy Ligeti e o russo Aram Khachaturian. O compositor Alex North foi para a estreia do filme em Nova Iorque e sofreu a maior decepção de sua vida, ao notar que sua música não havia sido aproveitada. Mas, 25 anos depois, seu amigo, Jerry Goldsmith, incumbir-se-ia de prestar uma homenagem ao amigo, já falecido, gravando a trilha rejeitada de 2001, UMA ODISSÉIA NO ESPAÇO.

Devemos, no entanto, reconhecer a própria competência de Kubrick em reunir um acervo de músicas que contribuíram não só para moldar o filme, mas também para valorizá-lo. Por exemplo, do compositor russo Aram Khachaturian tivemos o aproveitamento do “Adagio from Gayane Ballet Suiteque é de uma expressividade profundamente marcante. A música surge no instante em que o Supercomputador Hall enlouquece diante da ideia de ser desligado, o próprio tormento que toma conta da tripulação é expresso muito bem pela música do compositor russo.

Já o aproveitamento da peça “Atmospheres”, aconteceu principalmente em função do fato de que a obra atingiu uma popularidade muito grande em 1961. Kubrick fez uso dessa música sem a autorização do próprio autor, que só não houve maiores consequências devido ao grande sucesso da trilha sonora de 2001, UMA ODISSÉIA NO ESPAÇO ter contribuído para popularizar ainda mais a notória composição de Ligeti.

 E “Assim Falou Zarathustra”, de Richard Strauss, transformou-se num autêntico prefixo musical que ilustrou eventos, comerciais e consolidou a imagem do filme. Não temos dúvidas de que a música original composta por Alex North de certa forma estimulou Kubrick para que lançasse mão da composição de Strauss. Não há grandes semelhanças entre as duas composições, mas percebe-se que o estado de espírito que tomou conta de North foi estimulado pela força da cena inicial marcando o processo de evolução da espécie humana através do homem primitivo. Ao mesmo tempo transformou a cena de forma emblemática, com sua música contribuindo para reforçar o impacto.