O cinema americano se acostumou a mostrar na tela o sonho americano. Em LUGAR ALGUM, talvez possa mostrar o pesadelo de muitos, mas também o objetivo de outros, principalmente depois da crise imobiliária de 2008 e agora com a pandemia. LUGAR ALGUM tem um olhar para uma parcela da comunidade que sempre transitou pela marginalidade, não no sentido criminal, mas do aspecto social. A cineasta chinesa Chloé Zhao soube explorar com mais riqueza de narrativa, o livro da jornalista Jessica Bruder que sempre pautou seu trabalho nas linhas das subculturas, justiça econômica e a invisibilidade social. Francis McDormand é Fer, que viveu um forte trauma no passado com a recessão de 2008 e a morte do marido. Nesse momento, a bordo de sua van, ela empreende uma trajetória tipo sem destino, num estilo de vida nômade. No universo nômade, se por um lado estamos falando de um segmento marginalizado pela sociedade, de outra parte são pessoas dotadas de alto grau de empatia e solidariedade, atributos em falta no atual momento da sociedade americana. A capacidade de expressar a sua dor na alma, aliada a capacidade de superação, seja servindo o outro e continuando sua jornada, tudo isso faz da personagem Fer, uma mulher determinada. Tudo isso contribui para que Francis McDormand se transforme numa candidata forte a arrebatar vários prêmios pelo seu desempenho soberbo. A captação das imagens naturalistas, muitas vezes contribui para conferir ao filme um cunho de documentário, principalmente por conferir um estilo que poderíamos chamar de “new realism”.A trilha sonora do italiano Ludovico Einaudi com seu estilo minimalista , confere um aspecto intimista que penetra no fundo das nossas emoções LUGAR ALGUM, a nossa dica cinematográfica disponível na plataforma My Family Cinema.
