Este é o título original do filme da cineasta polonesa Agnieska Holland, que sempre se caracterizou por propiciar na tela, de resgates de fatos importantes que não podem ser esquecidos. O roteiro de MRS JONES foi escrito pela historiadora Andrea Chalupa, especialista na história da ex- União Soviética. Como seu avô era ucraniano e foi testemunha do genocídio de Holodomor, isto permitiu que ela resgatasse uma história que foi muito mal contada pelo correspondente do New York Times na União Soviética, o jornalista Walter Duranty, que chegou até a ganhar o prêmio Pulitzer. Mas, a cineasta Agnieska preferiu contar na tela essa história através dos olhos de um outro jornalista, o galês Gareth Jones. Diferentemente de Duranty que foi cooptado pelo regime de Stalin, já Jones apesar de toda a sua rebeldia, se mostrava como uma pessoa educada, mas que por trás do seu silêncio guardava os segredos da sua investigação. Vivenciou in loco na Ucrânia, a fome que servia para aprisionar as pessoas que morriam em silêncio. Um filme muito bem estruturado, no qual Agnieska não tem a pretensão de tratar a fome de maneira sensacionalista, mas de maneira minimalista. O holocausto uracniano durou dois anos entre 1932 e 1934 vitimando entre 4 a 7 milhões de pessoas. Uma presença que a cineasta polonesa fez questão de destacar no seu filme foi do escritor e jornalista George Orwell. Primeiro pela importância que Orwell representava nos países comunistas. Segundo, pela sua capacidade de contar histórias em que pesem ser baseadas em fatos reais, eram verdades que as pessoas não estavam dispostas a ouvir. Ademais, Agnieska teve informações que Orwell transitou pelo mesmo círculo frequentado por Garet Jones, o que contribuía para valorizar ainda mais o cenário com alguém de grande notoriedade. Os filmes da cineasta Agnieska Holland, em que pese serem baseados em fatos reais, a fórmula encontrada de contar a história permite múltiplas maneiras de assimilar a mensagem. Por exemplo, no meu caso, como jornalista, não tenho dúvidas de que o filme representa uma homenagem aos jornalistas, notadamente aqueles detestados em segredo, e que perderam a vida em meio a regimes autoritários.