Neste dia 31 de outubro acontece a estréia nacional do filme argentino do cineasta Sebastian Borensztein que também assina o roteiro que foi baseado no livro de Eduardo Sacher, A Noite da Usina. O filme reuniu um elenco encabeçado por Ricardo Darin que teve a oportunidade mais uma vez de contracenar com seu filho Chino Darin.No filme A ODISSÉIA DOS TONTOS, Ricardo Darin vive o personagem Fermín Perlassi, que foi um famoso jogador de futebol do passado, mas que justamente no ano de 2001 resolve criar uma cooperativa, juntamente com um circulo de amigos, cujo objetivo era permitir que cada um deles, pudesse ter uma vida mais digna e produtiva para a pequena comunidade em que vive. Ocorre que naquele fatídico ano de 2001 a Argentina viveu um grande pesadelo diante das medidas impopulares que o ministro da Economia, Domingo Cavallo adotou, dentre elas o famoso “corralito”, que impunha serias restrições aos saques bancários. Perlassi e seus amigos sentiram fortemente os efeitos dessas medidas, principalmente com relação aos 270 mil dólares que conseguiram juntar para abrir a cooperativa. Mas onde foi parar esse dinheiro? Bem, é claro que antes das medidas do ministro Cavallo, muita gente acabou se beneficiando de informações privilegiadas numa economia dolarizada. Perlassi e seus amigos iniciam uma autêntica corrida atrás dos dólares, pois fatalmente alguém poderia estar de posse deles. Este apenas o início dessa narrativa extremamente inteligente, ágil e muito bem humorada, com pitadas dramáticas e de suspense. Os personagens de A ODISSÉIA DOS TONTOS parecem ser tipicamente “monicellianas”, lembrando o saudoso diretor italiano Mario Monicelli com personagens como o Professor Sinigalia ( Marcello Mastroianni) de “Os Companheiros” e até mesmo Brancaleone da Nórcia (Vittorio Gassmann) em “O Incrível Exército de Brancaleone”. A ODISSÉIA DOS TONTOS tem a narrativa sustentada por uma bem estruturada trilha sonora composta pelo criativo Federico Jusid, cuja música contribuiu de forma extremamente funcional para reforçar as cenas, enquanto que emblemáticas canções de época, também permitiram estabelecer um elo de ligação com a história contada na tela. São canções que auxiliam a narrativa e particularmente para os argentinos são verdadeiros ícones musicais como “Non Llores por mí Argentina”, “Cheques, Spinetta y los socios del desierto”, “El burrito divididos” entre outras. Das músicas não originais, o destaque para a obra de Johann Strauss Jr “Danúbio Azul”, que se foi um tema marcante na obra de Stanley Kubrick em “2001, UMA ODISSÉIA NO ESPAÇO” também teve sua importância em marcar o ano de 2001 em A ODISSÉIA DOS TONTOS. A música de Federico Jusid assim como em muitos momentos exerce um papel importante no sentido de expressar toda a regionalidade do palco da história, de outra parte também se torna épica, ao temperar as cenas da autêntica odisseia daqueles que de tontos, nada tinham. Tive a felicidade de assistir a avant-première do filme dentro da Mostra de Cinema de São Paulo, na última terça-feira, dia 29, com a exibição no Espaço Itaú de Cinema do Shopping Frei Caneca da capital paulista. Qual não foi a minha grata surpresa antes da exibição do filme de saber que se encontrava presente o diretor Sebastian Borensztein, que após o filme conversou com a plateia. Como não poderia deixar de cumprir a minha função de entrevistador, formulei algumas perguntas ao diretor, sobretudo a respeito da trilha sonora. Foi quando então pude perceber o quanto a mesma havia sido objeto de um tratamento especial, tanto na escolha do repertório das canções, mas sobretudo da parte instrumental. Federico Jusid teve a oportunidade de ter sua trilha sonora executada pela renomada Orquestra Sinfônica da Bulgária, o que contribuiu para conferir um peso sinfônico aos momentos épicos da narrativa. A parceria do cineasta Sebastian Borensztein com o ator Ricardo Darin, começou através de UM CONTO CHINÊS, se fortaleceu por ocasião do filme KÓBLIC para a consagração em A ODISSÉIA DOS TONTOS. Indaguei ao cineasta Sebastian Borensztein, se havia possibilidade de uma continuação do filme, sendo que sua reação não me deixou nenhuma dúvida.
Nos arquivos de áudio duas das músicas principais da trilha sonora de A ODISSÉIA DOS TONTOS composta por Federico Jusid. Na faixa "Contrareloj" podemos sentir o peso sinfônico da composição de Federico Jusid num desempenho notável da Orquestra Sinfônica da Bulgaria.