O BEBÊ DE ROSEMARY (1968)

Enviado por admin em seg, 10/02/2017 - 15:49
Trilha sonora do filme O Bebê de Rosemary composta por Christopher Komeda

O filme O BEBÊ DE ROSEMARY foi baseado no livro de Ira Levin, o qual Roman Polanski leu e em três semanas tinha o roteiro do filme pronto para ser rodado. O compositor polonês Christopher Komeda começou a trabalhar com Polanski em 1966 por ocasião de ARMADILHA DO DESTINO, veio então, em 1967, A DANÇA DOS VAMPIROS e finalmente, em 1968, O BEBÊ DE ROSEMARY. De forma criativa e inteligente Komeda, com base em uma canção de ninar, concebeu uma melodia de fácil assimilação e que se moldou perfeitamente ao filme. No “Tema Principal” é a própria atriz Mia Farrow que tem participação vocal.

O tema principal de Komeda ainda navega por outras cenas do filme com arranjos diferenciados e mais ritmo, com objetivo de não tornar as cenas enfadonhas.

O cineasta Roman Polanski quis evitar ao máximo o uso da trilha sonora, preferindo alguns recursos articulatórios da inserção da música. Uma vez ou outra, as cenas no apartamento do casal Guy e Rosemary são temperadas pela música de Beethoven, “Für Elise”, tocada ao piano por um vizinho. Em outros momentos, a solidão da personagem Rosemary é embalada pelo som emanado do toca discos, com objetivo de preencher vazios que a ausência de diálogo pudesse acarretar.

Nas cenas externas, como a em que Rosemary está defronte ao Music City Hall de Nova Iorque, Komeda utiliza de um estilo musical jazzístico, alternando o tema título que sempre prepondera ao longo do filme.

O compositor foi indicado ao Globo de Ouro de melhor trilha sonora original. Sua música foi executada por inúmeros interpretes, já que o sucesso do filme contribuiu para que a própria música se tornasse popular, pelo fato de ser facilmente assoviada.

O compositor Christopher Komeda começou sua trajetória cinematográfica trabalhando em 1958 num curta-metragem dirigido por Roman Polanski na fase polonesa do cineasta. A parceria renderia ainda as músicas para os filmes de Polanski ARMADILHA DO DESTINO e A DANÇA DOS VAMPIROS. Komeda também trabalhou com o grande mestre da cinematografia da Polônia, Andrzej Wajda com o filme OS INOCENTES CHARMOSOS.

Na realidade Christopher não tinha Komeda, mas sim Trzcinski em seu nome. Considerando sua grande predileção pelo jazz, teve que burlar as atenções do governo comunista da Polônia para não ser perseguido, quando enveredou pelo campo das trilhas sonoras e passou a trabalhar para o cinema americano. O que embaralhou ainda mais as atenções dos comunistas foi o fato de que sua formação começou pela Medicina. Na realidade, ele iniciou seus estudos de música no conservatório de sua cidade natal, Poznan, mas em virtude da Segunda Guerra seus planos de se tornar músico acabaram frustrados. Foi então que enveredou pela Medicina, especializando-se em otorrinolaringologia. Mas a garganta estava muito mais voltada para a música do que a Medicina. Como os poloneses sempre foram fascinados pelo jazz, isso também contaminou Komeda que conheceu muita gente aliada à música e isso deu um novo impulso a sua vida. Exercia a Medicina, mas dava mesmo os seus plantões em apresentações jazzísticas principalmente em Cracóvia e Lodz. Em 1956, ele chegou a participar de um festival de jazz, quando então utilizou pela primeira vez o sobrenome Komeda, para que seus colegas médicos não percebessem e não o denunciassem.

Em 1968, em Los Angeles, logo depois de ter concluído a trilha sonora de O BEBÊ DE ROSEMARY, Komeda sofreu um acidente de carro depois de envolver-se numa bebedeira, vindo a sofrer um grave ferimento no cérebro e que não mereceu os cuidados necessários. Ao retornar para a Polônia, o seu quadro se agravou e ele faleceu prematuramente aos 38 anos de idade.

A morte de Christopher Komeda interrompeu uma trajetória que se mostrava promissora, pois vinha imprimindo um ritmo de trabalho com cinco trilhas compostas em 1968 e mais cinco em 1968.