O ÚLTIMO DOS MOICANOS (1992)

Enviado por admin em qua, 10/04/2017 - 15:16
Trilha sonora original do filme O Último dos Moicanos composta por Trevor Jones

Com a direção competente de Michael Mann, uma fusão entre o livro de James Fenimore e o roteiro de uma produção de 1936 de autoria de Philip Dune, rendeu o filme O ÚLTIMO DOS MOICANOS, de 1992. O filme de Mann não deixa de focalizar a violência, mas prioriza também o lado romântico, reforçado sobremaneira pela trilha sonora assinada por dois compositores, o americano Randy Edelman e o sul-africano Trevor Jones.

A música alcançou um estrondoso sucesso e recebeu uma indicação para concorrer ao Globo de Ouro. O compositor Randy Edelman recebeu o BMI, um prêmio destinado ao cinema e televisão que sempre valoriza o trabalho tanto de letristas como de compositores. Randy Edelman é formado pelo Conservatório de Música de Cincinati, onde se especializou em piano e composição. Hoje, ele leciona na Universidade de Cincinatti.

A partir dos anos 1970, foi convidado para compor para a televisão, dessa forma iniciou sua trajetória de compositor de trilhas. Inicialmente, a partir de 1973, foram trabalhos sem grande relevo, até que, em 1985, sua composição para o seriado MACGYVER impressionou e chamou a atenção de produtores e diretores em Hollywood. Depois de uma experiência em trabalhar com Janice Karman num desenho animado, finalmente Randy chega a Hollywood para o seu primeiro grande desafio numa produção de destaque, convidado pelo cineasta Ivan Reittman para fazer a trilha sonora do filme GÊMEOS, uma comédia com Arnold Swarzenegger e Danny De Vito.

O diretor Jonathan Lynn gostou do estilo alegre e descontraído da música de Edelman e o convidou para juntos estarem em MEU PRIMO VINNIE, com Joe Pesci e Marisa Tomei no elenco.

Randy Edelman, paralelamente à carreira na televisão e depois no cinema, não deixou de ser um músico popular. Ele foi o arranjador do conjunto OS CARPENTERS, também trabalhou com outros astros da música popular como Barry Manilow e Olivia Newton John. Aliás, esta sua incursão pela música pop valeu-lhe excursões pela Europa, Japão e Austrália, onde começou a difundir o seu nome e arrebanhar prestígio.

De volta a Hollywood, Randy Edelman, em 1992, tem um dos melhores anos de sua carreira de compositor de trilhas. Fez a trilha de BEETHOVEN, comédia de Brian Levint que se transformou num estrondoso sucesso. Logo depois, surge o trabalho que o projetaria definitivamente como um compositor top de linha em O ÚLTIMO DOS MOICANOS.

O compositor teve a felicidade de ter várias de suas composições feitas para o cinema, transformadas em suítes sinfônicas e executadas por renomadas orquestras, dentre tantas a Boston Pops e Sinfônica de Boston. Mas é na Universidade de Cincinatti, que ele tem sido bastante prestigiado, já que, invariavelmente, a orquestra da universidade sempre inclui em seu repertório uma ou outra obra do compositor para sua grande honra. Aliás, por falar em honra, ele foi distinguido pelo título Doutor Honoris Causa da Universidade de Cincinatti, num reconhecimento que o deixou profundamente orgulhoso.

Randy Edelman é daqueles compositores que a cada trabalho está sempre nos surpreendendo com partituras magníficas, encantadoras, que servem para pontuar os momentos mágicos de um filme permitindo que fiquemos sempre com os acordes da sua música povoando o nosso pensamento.

A trilha sonora de O ÚLTIMO DOS MOICANOS, assinada por Trevor Jones e Randy Edelman, ao contrário de alguns rumores espalhados sobre a produção desse trabalho, não houve nenhuma animosidade entre os compositores e nem interferência de um sobre o trabalho do outro. As duas músicas principais da trilha sonora do filme, ou seja, o “Tema Principal” e a música “The Kiss”, por exemplo, foram compostas pelo sul-africano Trevor Jones.

O compositor Trevor Jones nasceu na cidade de Cape Town, África do Sul, no dia 23 de março de 1949. Formado pela Academia Real de Música e Cinema de Londres, na década de 1970, ele se transformou em cidadão britânico.

Iniciou a sua trajetória de compositor de trilhas compondo pequenas peças para curtas britânicos e pequenos projetos de filmes produzidos para a televisão. A sua primeira oportunidade no cinema foi dada pelo cineasta britânico John Boorman, que o convidou para compor a trilha sonora de EXCALIBUR. Bem, na realidade, o cineasta Boorman, pela sua experiência e sensibilidade, já tinha claro em sua mente, qual a concepção musical que desejava para o filme, trocou impressões e participou a Trevor Jones, que gostaria de aproveitar peças de Richard Wagner, principalmente relacionadas a TRISTÃO E ISOLDA, TANHAUSER, O ANEL, OURO DO RENO e AS VALQUIRIAS. Coube, então, a Trevor Jones compor peças complementares para adornar este magnífico trabalho de composição musical do filme.

A trilha sonora de EXCALIBUR representou um marco decisivo para impulsionar a carreira de Trevor Jones no cinema. Na televisão, ele imprimiu uma escala de trabalho no tocante a dar certa visibilidade internacional, atuando não só na Inglaterra, mas Austrália e Estados Unidos. O seu segundo importante trabalho para o cinema foi para o filme dirigido por Andrei Konchalovsky, EXPRESSO PARA O INFERNO. Mas foi a chance de trabalhar com Allan Parker, em 1987, que lhe rendeu atenções especiais por ocasião do filme CORAÇÃO SATÂNICO. A partir deste trabalho, começa então uma etapa de relações com importantes nomes da direção, o que contribuiu para dar maior visibilidade ao nome de Trevor Jones, que deixava de ser apenas e tão somente um compositor de trilhas para a televisão.

Em 1988, ele faria ainda, com o próprio Allan Parker, a trilha sonora de MISSISSIPE EM CHAMAS. Já no ano seguinte, em 1989, ele trabalharia com o diretor Harold Becker em VÍTIMAS DE UMA PAIXÃO, filme estrelado por Al Pacino. Em 1990, Trevor Jones compõe a trilha de ARACNOFOBIA, filme dirigido por Frank Marshall. EM NOME DO PAI, produção irlandesa, dirigida por Jim Sheridan, num desempenho notável do ator Daniel Day-Lewis, traz uma trilha recheada de canções, tem um suporte instrumental belíssimo, através do esmerado trabalho de Trevor Jones. Em clima futurista e opressivo, temos a produção de 1998, dirigida por Alex Proyas, CIDADE DAS SOMBRAS, com Kieffer Sutherland, William Hurt e Jennifer Connely. A música de Trevor Jones é impecável e a rigor, uma das melhores coisas do filme. CLEOPATRA, filme produzido originalmente para a televisão, serve mais uma vez para marcar o reencontro fantástico de Trevor Jones com a Orquestra Sinfônica de Londres. A música de Jones utiliza alguns acordes já anteriormente marcados em RISCO TOTAL e O ÚLTIMO DOS MOICANOS. Em CLEOPATRA, o tema principal é grande como sempre, e está ao lado daqueles outros de grande qualidade longitudinal.

Trevor Jones já compôs mais de 80 trilhas sonoras para o cinema e poderíamos destacar ainda os trabalhos para UM LUGAR CHAMADO NOTTING HILL, A LIGA EXTRAORDINÁRIA, RISCO TOTAL, DO INFERNO, MERLIN, AS VIAGENS DE GULLIVER, O CRISTAL ENCANTADO e muitas outras. Trevor Jones é detentor de uma característica musical que nos permite identificar a autoria de suas trilhas, sem, contudo, se tornar repetitivo. É sem dúvida uma expressão importante da música no cinema.