GUERRA FRIA

Enviado por admin em sab, 02/09/2019 - 17:30
Guerra Fria tem uma identidade muito profunda com as raízes do cinema polonês, mas impossível não associar também ao estilo Neorrealismo italiano e a Nouvelle Vague da França.

Este é o titulo do filme dirigido pelo polonês Pawel Pawlikowski, que já faturou 29 prêmios inclusive de melhor diretor em Cannes e concorre em três categorias do Oscar 2019, direção, filme estrangeiro e fotografia.  Podemos dizer que neste filme Pawlikowski se aproxima em sentimento do seu compatriota Wajda, mas de forma estética mais para Truffaut e a Nouvelle Vague. Um filme para mostrar o pós-guerra na Polônia só poderia ter imagens em Preto/Branco, mas para ser nacionalista necessitava de mostrar as raízes da cultura polonesa. Nesse sentido, nada melhor do que explorar a música folclórica reunindo conjuntos, alguns anônimos da Polônia. Pawlikowski tinha uma história de amor muito especial a ser contada, pois era inspirada na experiência vivida pelos seus pais, que também tiveram uma ligação muito forte com a música. Então a música é o elo que liga Wiktor (Tomasz Kot), um músico tímido que era o responsável por uma selecionar candidatos que iriam formar um coral. A voz de uma bela garota chamada Zula (Joanna Kulig), chama  atenção de Wiktor, mas sua beleza o seduz. Ambos iniciam um intenso jogo de sedução que tem como pano de fundo uma situação de profunda incerteza sobre o futuro. O palco principal da história é a Polônia, mas o enredo ganha novos contornos e ritmos, com a mudança de ares para Paris, que praticamente passou a ser o destino de muitos poloneses como Roman Polanski para buscar uma atmosfera menos opressiva do que a Polônia em anos de chumbo. O filme começa na década de cinquenta e avança pelos anos sessenta, nessa transição a música também desempenha papel importante, pois mesmo os ritmos folclóricos e populares poloneses, ficam impregnados por uma influência jazzística, enquanto chega o tempo do rock. Isso contribui não só para que a música assuma um papel importante no contexto da narrativa, mas se transforme numa âncora poderosa com a trilha profundamente eclética incursionando pelas raízes folclóricas com Tadusz Sygietynski, ao clássico de Chopin e ao popular de Cole Porter e George Gershwin. A canção tema Two Hearts é uma verdadeira declaração de amor, na versão jazzística interpretada pela atriz Joanna Kulig . GUERRA FRIA é uma história de  amor pungente entre os personagens Wiktor e Zula, submetido a duras provas e barreiras, principalmente a cortina de ferro e o governo autoritário polonês.

Guerra Fria tem uma identidade muito profunda com as raízes do cinema polonês, mas impossível não associar também ao estilo neorrealismo italiano e a nouvelle vague da França. O cineasta Pawel Pawlikowski que já tinha demonstrado todo o seu talento com o filme IDA e consolida o seu prestígio com GUERRA FRIA. A atriz Joanna Kulig que interpreta a personagem Zula, tem várias participações vocais, sendo que por ocasião do filme IDA ela já tinha soltado a voz em cinco canções. 

GUERRA FRIA uma rapsódia em preto e branco!