Numa época de intensa caça às bruxas, o cineasta Otto Preminger mostrou-se extremamente ousado quando decidiu filmar O HOMEM DO BRAÇO DE OURO, no qual ele trata de uma questão até então tabu no cinema, as drogas. Mais que um tema principal, o compositor Elmer Bernstein acabou criando um prefixo musical que perpetuou o sucesso da música do filme, com sua execução em inúmeras emissoras de rádio em todo o mundo. A trilha sonora de O HOMEM DO BRAÇO DE OURO rendeu ao compositor Elmer Bernstein sua primeira indicação para concorrer ao Oscar, mas ele perdeu a disputa para o lendário Alfred Newman, que também concorria com a música de SUPLÍCIO DE UMA SAUDADE. Para executar a trilha sonora de O HOMEM DO BRAÇO DE OURO, o compositor Elmer Bernstein contou com verdadeiros pesos pesados como Peter Candoli no trompete, Milt Bernhard no trombone, Bud Shank no sax-alto e Bob Cooper no sax-tenor.
O filme narra a trajetória de um carteador Frankie Machine (Frank Sinatra) que é usuário de drogas e acaba preso. Na prisão, é que aflora o gosto pela música e depois de cumprir pena, sai com uma carta de recomendação do médico para que consiga um emprego em uma banda, atuando como baterista. Ao sair da prisão, a única bagagem que ele tinha era uma bateria, presente do médico. A música de Bernstein procura pontuar toda a trajetória de Frankie Machine que sonhava em adotar o nome artístico de Jack Duvall. De volta ao antro do vício e convivendo com os mesmos pulhas que o colocaram na prisão, ele que imaginava ter os braços feitos de ouro puro, acaba oferecendo seu braço para o traficante Loui. O desempenho de Sinatra valeu-lhe a indicação ao Óscar de melhor ator. Mas para quem dizia que preferia perder o braço a deixar que Loui tocasse nele, mais ainda que sabia que se tomasse outra picada estaria perdido, parece que a sobriedade do personagem Frankie durou pouco. Sem condição de controlar a ansiedade com a bateria, ele deixou a adrenalina da mesa do carteado tomar conta. Toda essa atmosfera acompanhada de forma primorosa por uma música insinuante, marcante e profundamente pungente.
Depois de usar o jazz na trilha O HOMEM DO BRAÇO DE OURO, outros trabalhos de Elmer Bernstein também contemplaram o ritmo que conquistou o mundo, como em O SOL É PARA TODOS (1962), PERIGOSAMENTE HARLEM (1991), O DIABO VESTE AZUL (1995) além de muitos outros.
A música de O HOMEM DO BRAÇO DE OURO, também se tornou rigorosamente obrigatória numa série de concertos em que Elmer Berstein participou até antes de sua morte, ocorrida em 18 de agosto de 2004. Ainda hoje sua música para O HOMEM DO BRAÇO DE OURO faz parte de inúmeras antologias do compositor.