Este é o título do filme do cineasta francês Nicolas Boukhrief e que foi baseado no livro de Pierre Memaitre. Esta produção de 2019 coloca o cinema francês no patamar das grandes produções, que se por um lado nos remetem a Georges Henry Clouzot, mas inegavelmente a história e principalmente o filme nos aproxima muito de Claude Chabrol. As cenas iniciais mostram a população da pequena cidade de Olloy, que fica na Bélgica, na fronteira com a França, reunida na praça recebendo orientações do chefe de polícia para início das buscas do garotinho Remi que desapareceu. Aquele dia 22 de dezembro de 1999 foi atípico na vida do Antoine de doze anos. Ao ver Emile, a sua namorada imaginária, sendo beijada por outro, isso o tirou do sério. Ao sair em direção a floresta para quem sabe despejar toda a sua ira, ele acaba seguido pelo garotinho Remi, irmão de Emile. Num momento de fúria, percebendo que era seguido ele arremessa um pedaço de madeira que atinge a cabeça de Remi que cai morto. Antoine até pensa em pedir socorro, mas prefere esconder o corpo na floresta. As buscas por Remi são suspensas pela aproximação da noite, mas naquele dia uma violenta tempestade devasta toda a cidade, com a própria floresta se transformando numa Amazônia desmatada. O segundo tempo da narrativa vai acontecer 15 anos mais tarde, quando Antoine que se formou em medicina, volta pela primeira vez à sua cidade natal. Nesse momento, o filme passa a ser conduzido no estilo de suspense psicológico Hitchckiano, pois o envolvimento emocional dos personagens cria uma teia de situações rigorosamente imprevisíveis. Os personagens centrais da trama estão ligados por um segredo, que foi guardado ao longo do tempo e ameaça mudar o destino dos envolvidos. Tem um provérbio oriental que diz que o segredo de uma pessoa é o prisioneiro dela. Uma vez libertado, volta contra ela aprisionando-a. O filme tem duração de duas horas, mas como uma narrativa contada de forma inteligente, você nem percebe. Interpretações soberbas a partir do garoto Jeremy Senes, que na fase adulta é interpretado por Pablo Pauly. A mãe de Antoine tem uma interpretação expressiva de Sandrine Bonnaire. A trilha sonora do filme foi composta por Robin Coudert, que é um conhecido músico, cantor e celebridade no mundo do rock, conhecido por R.O.B. e que desde 2010 começou a compor para longas. A música de Coudert assume um papel marginal, não pretendendo concorrer com as cenas, mas contribuindo para preencher o silêncio e fazendo emergir o próprio sentimento dos personagens. O cineasta francês Nicolas Boukhrief tem nos filmes Assalto ao Carro Forte e Guardiões da Ordem trabalhos anteriores mais conhecidos. Com TRÊS DIAS E UMA VIDA o diretor Nicolas Boukhrief mostra que não faz questão de escrever os roteiros para depois filmar, mas quando encontra um bom texto, coloca sua câmera para contar a história.