TRIBUTO PARA ETTORE SCOLA

Enviado por admin em qui, 05/10/2018 - 09:10
Ettore Scola sempre foi um cineasta que respeitou a música, sua importância, já que em determinada época ele lembrou que em 1941 existia uma lei que reconhecia como legítimos autores de um filme, o roteirista, o diretor de arte, o diretor e o compositor, e arrematou: “é um dos poucos casos em que o legislador foi iluminado, pois nem todas as leis são tão próprias e justas como essa.”

O cineasta Ettore Scolla, nasceu na pequena cidade de Trevico, próximo a Avelino, no dia 10 de maio de 1931. Quando jovem colaborava com artigos para um jornal humorístico chamado MARCO AURELIO. Depois de frequentar a  Universidade de Roma, em meados da década de cinquenta, ele passou a escrever roteiros para o cinema, entrando para a década de sessenta, até 1964, quando aconteceu finalmente a sua estréia na direção, através do filme FALA-SE DE MULHERES, estrelado por Walter Chiari. Justamente a partir deste seu primeiro trabalho, nasce a parceria com o compositor de trilhas Armando Trovaiolli.

Ettore Scola sempre foi um cineasta que respeitou a música, sua importância, já que em determinada época ele lembrou que em 1941 existia uma lei que reconhecia como legítimos autores de um filme, o roteirista, o diretor de arte, o diretor e o compositor, e arrematou: “é um dos poucos casos em que o legislador foi iluminado, pois nem todas as leis são tão próprias e justas como essa.” Quando Etore Scola trabalhou junto com Armando Trovaiolli por ocasião do filme OS AMORES DE UM DEMONIO, em 1966, certa vez os dois estavam viajando para a cidade de Bolonha, para receber um prêmio pelo filme. Na oportunidade Scola comentou sobre a música de Trovaiolli: “penso que você soube fazer a música deste filme, da mesma forma como se fosse os Beatles, com guitarra e tudo!” Claro, mais um importante elogio ao trabalho do grande parceiro de todos os momentos, Armando Trovaiolli.

Em 1969, Ettore Scola dirige Vittorio Gasman na comédia COMO ENCONTRAR UM AMIGO DESAPARECIDO MISTERIOSAMENTE NA AFRICA. Entra mais uma vez o talento do compositor Armando Trovaiolli oferecendo uma música de savana, simples, repetitiva, obsessiva, como se fosse um bolero de Ravel, só que claro, de uma perspectiva totalmente diferente.

Scola num determinado instante de sua vida,  sentiu um grande fascínio pelo jornalismo. Acabou indo para o rádio onde fazia scripts para comédias, alguns para um programa com Alberto Sordi, então extremamente popular. Em pouco tempo, Scola também já era um roteirista conceituado no cinema. Porém, ele demorou para optar pela direção. Por falar em direção ele dá mais um show por ocasião do filme FEIOS SUJOS E MALVADOS, com Nino Manfredi soberbo. o diretor mostra a vida de uma família de mais de 15 membros que vivem em uma favela nos arredores de Roma. A família é composta pelo pai Giacinto (Nino Manfredi), a esposa, dez filhos e outros parentes que dividem um barraco de três cômodos. Giacinto é um ex-operário que recebeu um seguro por um acidente de trabalho que o deixou sem um dos olhos, ele esconde o dinheiro e toda a família desesperadamente tenta roubá-lo. O tom do filme é de sátira e de humor corrosivo às condições degradantes da vida subumana que levam as personagens. Scola constrói em um ambiente sempre imundo cheio de animais, de lixo uma relação entre as personagens não muito diferente permeada por mentiras, traições, incesto, violência, nudez e muita escatologia. A magistral sensibilidade de Trovaiolli capta musicalmente toda a atmosfera do filme, oferecendo mais um brilhante trabalho.

Em 1983 por ocasião do filme O BAILE, desta feita Trovaiolli não pode aceitar o convite de Scola justamente por estar envolvido em outros projetos, mas foi o próprio compositor quem indicou o seu substituto  no caso o compositor Vladimir Cosma.

Armando Trovaioli morreu no dia 28 de fevereiro de 2013, justamente no ano em que Ettore Scola estava preparando seu derradeiro trabalho para o cinema, em homenagem ao seu grande amigo Fellini, por ocasião de QUE ESTRANHO CHAMAR-SE FEDERICO. Nesta oportunidade Scola trabalhou com o compositor Andrea Guerra que se inspirou em Nino Rota para compor a trilha sonora deste filme.

Ettore Scola foi considerado como o último representante da legítima comédia italiana. Ele morreu no dia 19 de janeiro de 2016.

Uma das mais belas realizações de Ettore Scola, sem dúvida foi o filme NÓS QUE NOS AMAVAMOS TANTO, o mais laureado de todos, com um elenco encabeçado por Vittorio Gassman. Da mesma forma, neste mesmo filme está o trabalho mais importante do compositor Armando Trovaioli.