LUCE

Enviado por admin em qua, 01/29/2020 - 10:21
O filme LUCE é o segundo longa metragem do cineasta nigeriano Julius Onah, que revelou uma capacidade de sustentar o suspense por intermédio de linguagem inteligente, estimulando expectativas até o desfecho da história.

Imaginemos que depois de assistir ao filme LUCE você vá dormir. No dia seguinte, ao acordar, a primeira coisa que faz é resgatar a lembrança do filme. Pronto, o filme cumpriu fielmente o papel proposto que foi tirar-lhe de uma certa zona de conforto e desafiá-lo a prospectar mais sobre a identidade do personagem Luce, brilhantemente interpretado por Kelvin Harrison Jr. que começou no cinema em 2013 através de 12 ANOS DE ESCRAVIDÃO. LUCE é a história de um garoto que conviveu com ambiente de conflitos entre guerrilheiros na África e acabou adotado por um casal de americanos, Amy (Naomi Watts) e Peter (Tim Roth). Luce enfrentou barreiras desafiadoras desde o choque cultural, o idioma e o dilema da sua verdadeira identidade que não era apenas quanto a mudança do seu nome verdadeiro. A partir de um trabalho escolar sobre uma figura histórica, permitindo que os alunos pudessem pensar “fora da caixinha”, isso despertou a preocupação de Harriet (Octavia Spencer), professora de história de Luce. A figura histórica que permeava o imaginário de Luce era de Frantz Fanon, que antes de se transformar num escritor e psiquiatra, militou como membro da Frente de Libertação da Argélia, que lutava pela independência do país. Uma das teorias de Fanon, acabou incorporada por Luce, de que através de máscaras brancas, aquele de pele negra, poderia adentrar ao universo atribuído ao negro e que acabou sistematicamente sendo condicionado pelo branco. Luce, pela sua inteligência, capacidade argumentativa e um certo branqueamento, podia perfeitamente perceber, qual seria o seu espaço de direito, numa sociedade permeada pelo preconceito. Além do mais, quando Luce não estiver acompanhado dos pais, na realidade ele continuará sendo tratado como negro. Nesse ponto é que acabou estabelecido um duelo de identidades entre Luce, tentando apagar sua origem, com a sua professora Harriet, reafirmando a sua negritude.  Um filme profundamente desafiador, principalmente nesses tempos de preconceito e ódio dominando o universo.  A trilha sonora de Geoff Barrow composta em parceria com Ben Salisbury tem elementos musicais distintos, passando pelo minimalismo, adentrando a esfera do Trip-Hop com a sua a batida instigante e provocadora. O tema de Lucy consegue captar de forma rigorosamente perfeita, o lado sorumbático do personagem título.  O filme LUCE é o segundo longa metragem do cineasta nigeriano Julius Onah, que revelou uma capacidade de sustentar o suspense por intermédio de linguagem inteligente, estimulando expectativas até o desfecho da história.