O cineasta argentino Marcos Carnevale continua revelando grande talento em explorar o lado hilário das tragédias humanas. No seu filme de 2020 ele mostra que na realidade o médico ortopedista Fernando Ferro, brilhantemente interpretado pelo ator Adrián Suar, que também assina o roteiro, ele deveria ser cardiologista. Primeiro pelo fato de ser extremamente preocupado com as coisas do coração. Segundo por ter um coração tão grande e generoso a ponto de reservar dois lugares para duas esposas. Isso mesmo, no primeiro casamento de dezenove anos com Paula, interpretada pela atriz Gabriela Toscano, são duas filhas fruto da relação. Já no casamento simultâneo com Vera, protagonizada pela atriz Soledad Villamil, o Fernando tem um filho. Simultâneo? Sim, ele parece um acrobata do circo de Soleil conseguindo manter um relacionamento com às duas esposas, sem que uma saiba da outra, procurando dividir o tempo de segunda a quinta com Paula e de sexta a domingo com Vera. Para conciliar tudo isso com a sua rotina de médico, claro que conta com uma bela estrutura de suporte, além dos domicílios conjugais, ele também mantém apartamentos no paralelo, vizinho das respectivas residências para auxiliar o aspecto logístico das relações. Se todo esse esquema tem dado certo ao longo de nove anos, até que ponto de uma hora para outra, tudo poderia se perder? Bem, nesse caso somos obrigados a reconhecer que imprevistos acontecem, assim como as próprias colisões no trânsito. Será que a história foi baseada em algum fato? Bem, se isso aconteceu claro que poderá ser debitado por conta da coincidência. MUITO AMOR PARA DAR, a nossa dica cinematográfica disponível na plataforma Netflix.