
Muitas vezes, um compositor acaba percebendo que uma música não original pode funcionar melhor que a trilha que foi originalmente composta para o seu filme. Quando falamos de uma obra como o “Adágio para Cordas”de Samuel Barber a certeza pode ser confirmada até mesmo pelo próprio número de vezes em que ela já apareceu num filme. Mas, isso pode efetivamente contribuir também, para quebrar a emoção de uma cena se não for bem dosada. Aliás, em matéria de “adágio” muitas vezes o uso em larga escala de uma determinada peça como é o caso do Adágio de Albinoni no filme “MANCHESTER À BEIRA MAR” tira a originalidade da cena.
Quanto ao Adágio de Samuel Barber ele também passou a ter um amplo espaço nas trilhas sonoras, hoje já são mais de 50 filmes com a música. Mas o primeiro filme que marcou a utilização desse Adágio aconteceu por ocasião do filme de David Lynch O HOMEM ELEFANTE de 1980. Lynch percebeu que o Adágio poderia carregar ainda mais a atmosfera de emoção do que propriamente a musica original de John Morris. Seis anos mais tarde, 1986 seria a vez do cineasta Oliver Stone pedir licença ao compositor francês Georges Delerue para utilizar o Adágio num dos momentos mais pungentes do filme, com que concordou o compositor. Nesse caso, o trabalho de Delerue foi facilitado, visto que com apenas 23 minutos de música ele praticamente deu o seu recado. A partir do tema principal, Delerue em ritmo de adágio nos proporciona uma belíssima pagina musical. No ano seguinte por ocasião do filme de Oliver Stone, WALT STREET: PODER E COBIÇA, Georges Delerue novamente assinaria a trilha sonora.