Nestes 34 anos do programa A Música no Cinema, confesso que este é o mais doloroso e sofrido de todos. Nesse espaço de tempo, trinta e quatro anos, já prestei homenagem por ocasião do aniversário de inúmeros compositores, muitos deles, por quem tenho grande admiração e aprendi a respeitar e gostar. Outros que por força do ofício, muitas vezes você tem que destacar, por conta da importância que cada um tem no contexto daquilo que produzem para o cinema. Quando comecei este programa em 1986, muitos dos compositores que aprendi a admirar desde a infância, tinham partido. Poderia citar alguns deles como Nino Rota, Bernard Herrmann, Alfred Newman, Max Steiner, Dimitri Tiomkin além de outros. Por outro lado, ao longo desses trinta e quatro anos, muitos foram ficando pelo caminho e cada um deles com a sua importância como Georges Delerue, John Barry, Armando Trovaiolli, Luis Bacalov, Michel Legrand, Jerry Goldsmith e agora nesta semana a perda não de um compositor, mas de um gênio do campo das trilhas sonoras. Ennio Morricone se destacou exatamente pelo fato de se constituir num compositor totalmente diferenciado dentre tantos. Ele não se preocupava em colorir, nem temperar e muito menos dividir méritos com as cenas dos filmes. Morricone foi um compositor que contribuiu para mudar o padrão das trilhas sonoras permitindo que a sua música tivesse vida, uma vez desprendida das cenas dos filmes. Isso explica o extraordinário sucesso das suas composições. Ao longo desses trinta e quatro anos de programa, sempre procurei contemplar aquelas trilhas que estivessem a altura do gosto do grande público. Hoje, peço licença aos meus caros ouvintes, pois vou apresentar uma seleção daquelas trilhas de Morricone que mais me cativaram ao longo do tempo.
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